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Sobre o Karatê



By   Karen Novochadlo      terça-feira, março 02, 2010   

Origem do Karatê

O karatê tem suas origens remotas, pouco se sabe sobre a verdadeira origem desta Arte Marcial, pois não existem muitos escritos sobre o mesmo. Talvez isso se deva ao fato de que o karatê era praticado as escondidas, em treinos secretos. (FPK[1], 2007; FUNAKOSHI, 1975)

A versão mais aceita sobre sua origem é a de que iniciou através de um monge Indiano chamado Bodhidharma, o qual também criou o zen-budismo. Bodhidharma era extremamente conhecido no oriente e foi convidado pelo imperador chinês da época de 520 a.C a transmitir seus ensinamentos na China. Quando estava no mosteiro Shao Lin, percebeu que os monges do local deviam passar muitas horas meditando, contudo não conseguiam, pois possuíam corpos muito frágeis. (NAKAYAMA, 1966)

Foi devido a isso, que então Bodhidharma resolveu ensinar-lhes exercícios físicos que fortalecessem seus corpos, afim de, proporcionar-lhes mais tempo nas longas meditações. Dando origem ao que hoje conhecemos por Arte de Luta de Shao Lin, o que os ajudou a fortalecer seus corpos, também foi de suma importância para sua existência, pois contribuiu na sua defesa contra os ataques nômades. (FPK, 2007; NAKAYAMA, 1966)

Posteriormente, essa arte de luta foi importada para Okinawa, onde se misturou com artes de lutas nativas, originando uma nova arte marcial, chamada de TE ou Okinawa-TE. Na época o soberano da antiga Okinawa, mais tarde senhor feudal de Kagoshima, no extremo sul de Kyushu, no Japão, baniu o uso de armas, estimulando o povo local a desenvolver técnicas de defesa pessoal de mãos vazias, ou seja, fazendo com que seus corpos virassem armas tão eficazes como as convencionais da época. (NAKAYAMA, 1966)

Essas artes marciais okinawanas se desenvolveram, tornando-se os estilos de karatê que conhecemos. O que diferencia os principais estilos de karatê são suas origens. Essas artes marciais se desenvolveram em três cidades e levaram seus nomes mais o caractere Te, que em japonês significa “mão”. Na cidade de Shuri, desenvolveu o Shuri-Te. Na cidade de Tomari, desenvolveu-se o Tomari-Te. Por sua vez, na cidade de Naha, desenvolveu-se o Naha-Te. Os estilos foram desenvolvidos por mestres que haviam aprendido as filosofias das lutas chinesas e levado para Okinawa. (FKERJ[2], 2007)

Dos estilos de lutas Shuri-Te e Tomari-Te, originaram-se os estilos de karatê que conhecemos hoje por Shotokan-Ryu e Wado-Ryu e, do estilo de luta Naha-te, originou o estilo de karatê conhecido atualmente por Goju-Ryu. Posteriormente surgiu o estilo Shito-Ryu, que foi uma fusão dos conhecimentos e técnicas dos estilos Shuri-Te e Naha-Te. (FKERJ, 2007)

Os quatro principais estilos de karatê foram criados pelos seguintes mestres: Goju-Ryu: Chojun Myagui; Wado-Ryu: Otsuka Hiriki; Shito-Ryu: Mabuni Kenwa e Shotokan-Ryu: Gichin Funakoshi. (FKERJ, 2007)
Gichin Funakoshi teve grande influência no desenvolvimento e propagação do karatê no mundo, pois, devido a sua origem chinesa, essa nova Arte Marcial havia recebido o nome de Karatê, escrito em caracteres com o sentido de Mão Chinesa. Contudo, devido às guerras entre China e Japão, esse significado fazia com que essa arte marcial não fosse bem aceita no Japão. Então esse significado foi alterado por Gichin Funakoshi para mãos vazias, o qual escolheu esse sentido, através de sua filosofia Zen-budista, que identifica o vazio como representante da mente do praticante, que deve estar vazia da maldade e do egoísmo. Funakoshi também atribuiu o caractere Do, identificando essa Arte Marcial como um caminho, um modo de vida. Atualmente essa Arte Marcial significa O Caminho das Mãos Vazias. (NAKAYAMA, 1966; FUNAKOSHI, 1975)

Um dos maiores divulgadores do Karatê foi o Mestre Gichin Funakoshi. Segundo Nakayama (1966, p. 11), “O Karatê foi apresentado ao público japonês pela primeira vez em 1922, quando Funakoshi, então professor no Colégio de Professores de Okinawa, foi convidado a dar uma palestra e fazer demonstrações num festival de artes marciais, promovido pelo Ministério da Educação”.
Após essa apresentação, Funakoshi recebeu inúmeros convites para ensinar em Tóquio, passando a ensinar Karatê em várias Universidades e no Kodokan, a meca do Judô. (NAKAYAMA, 1966)

Atualmente o papel do Karatê é múltiplo. Destaca-se como uma ótima opção em defesa pessoal, como prática regular de atividade física em benefício da saúde, como treinamento de policiais e seguranças, e como filosofia de vida. No Japão várias Universidades o possuem como disciplina no currículo do curso de Educação Física. Contudo, nos dias atuais a área de maior destaque do karatê mundial é a parte esportiva. É um esporte que enfatiza tanto a disciplina mental, quanto a aptidão física. (NAKAYAMA, 1966)
Conforme Nakayama (1966, p. 12):

O que se desenvolveu originariamente no Oriente como arte marcial, então, sobreviveu e mudou ao longo dos séculos para se transformar não apenas num meio altamente eficaz de defesa pessoal sem o uso de armas, mas também num esporte instigante e exigente praticado prazerosamente por entusiastas no mundo inteiro.

O Karatê é predominantemente uma arte de golpes, como chutes, socos, joelhadas, cotoveladas e golpes com a palma da mão aberta. Bloqueios de articulações, lançamentos e golpes em áreas vitais também são ensinados, dependendo do estilo. Um praticante de Karatê é denominado "carateca". (IKGA, 2010)

O Karatê é uma forma de budô (caminho marcial), enfatizando as técnicas de percussão atemi waza (como defesas, socos e chutes) ao invés das técnicas de projeções e imobilizações. O treino de karatê pode ser dividido em três partes principais: Kihon, Kata e Kumite. (IKGA, 2010)
- Kihon ("fundamentos") é o estudo dos movimentos básicos.
- Kata ("forma", "padrão") é uma espécie de luta contra um ou vários inimigos imaginários expressa em seqüências fixas de movimentos.
- Kumite ("encontro de mãos") é a luta propriamente dita. Em sua forma mais básica é combinada (com movimentos predeterminados) entre os lutadores, para posteriormente, alcançar o jyu-kumite (combate livre ou sem regras). (IKGA, 2010)
 Obs.: A forma desportiva, ou combate com regras, é conhecida como Shiai-kumite. (IKGA, 2010)

Como muitas das artes marciais praticadas no Japão, o Karatê fez a sua transição para o Karatê-Do no início do século XX. O “Do” significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de tao. Como foi adotado na moderna cultura japonesa, o Karatê está imbuído de certos elementos do zen budismo, sendo assim, as aulas freqüentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a execução no Kata, é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada instrutor. (IKGA, 2010)

A modernização e sistematização do karatê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (quimono ou karatê-gi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por “Jigoro Kano”, fundador do Judô. Fotos de antigos praticantes de Karatê de Okinawa mostram os mestres em roupas do dia-a-dia. (IKGA, 2010)

[1] FPK – Federação Paulista de Karatê. Disponível em: < http://www.fpk.com.br/> Acesso em: 04 abril 2007.
[2] FKERJ – Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: Acesso em: 04 abril 2007.